Hoje sete de março, diante deste sol
Presentei-o-me. Com destino a felicidade,
Aos poucos vou despedindo-me de Dorsoduro,
Presentei-o-me. Com destino a felicidade,
Aos poucos vou despedindo-me de Dorsoduro,
Da janela que não poderei mais ver barquinhos
Do quarto, da cama e das paredes que me
Guardaram, a mim e aos meus segredos,
Felicidade, hoje eu sou e nela
Ei de começar a viver,
Despeço-me de todos e de tudo
De papai de mamãe e dos irmãos que não tive
A data não poderia ser melhor
Todos estão felizes, e viveram felizes,
Hoje sou eu, hoje eu serei feliz
Passo a corda pela madeira que reveste o teto
Com ela faço um nó bem apertado para que não haja erro,
Com a cadeira, vejo pela janela
A ponte, ponte Rialto a minha espera
Não sei se estava preparado.
E mesmo que não estivesse
Morreria do mesmo jeito
Mamãe sobe as escadas cantando
Entra no quarto cantando canta e mais canta
E com seu grito assusta-me
E caio da cadeira enforcando-me
E antes de partir para a felicidade
Seu canto era substituído
Pelo canto do seu choro, que
Levou-me para a escuridão, sentindo-me
Culpado não só pela minha morte, mas
Com as deles também.
E com seu grito assusta-me
E caio da cadeira enforcando-me
E antes de partir para a felicidade
Seu canto era substituído
Pelo canto do seu choro, que
Levou-me para a escuridão, sentindo-me
Culpado não só pela minha morte, mas
Com as deles também.
07-03-1820
Heterônimo Emiliano Costa
Do livro: Poesias do meu Eu
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